quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

SOMOS O RESULTADO DA LINGUAGEM


               Certamente, quando verificamos nossas próprias vivências, encontramos um mundo bem disperso ao alcance de nossos olhos. Incansavelmente, percorremos trilhas e rotas de infinitos destinos, convidando-nos a participar de uma inusitada experiência: a vida literária.
               São vários os convites. Uma aula, palestra, documentário, ou até mesmo uma conversa informal. Jamais acreditamos que tudo o que está à nossa volta seja eterno e, com base nesses convites, relacionamos as opiniões pessoais às expectativas. Só o que não vemos é que por sermos assim já vivemos num campo literário.
               Viver é a maior literatura já determinada. A vida é a escolha de um texto realista, romântico, árcade... É a angústia de querer chegar, embora o destino seja casual. É ter uma ampla biblioteca de saberes e não conseguir escolher o livro certo.
               Ainda bem que temos a linguagem em nosso favor. É ela quem conduz os caminhos que escolhemos. Sua influência é tão inesgotável que percorre nossas mais irrelevantes situações, transformando-as ou extinguindo-as. A língua se faz viva no instante de sua presença. Cada minuto de pronunciamento é um pequeno tijolo compondo uma parede sustentável.
               Somos o produto da linguagem. Ela é um rótulo. Através dela somos comparados, julgados, contemplados, e a arte se faz disso. A vida literária se compõe nela, justificando de geração em geração a sua magnitude.

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Viola enluarada - Grupo Voz

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