sábado, 12 de março de 2011

TRANSPOR AS LEIS MESQUINHAS DOS MORTAIS

O mito conta uma história sagrada; relata um acontecimento que teve lugar no tempo primordial, no tempo fabuloso das origens.        Mircea Eliade, 1963.

          Todas as culturas têm histórias tradicionais que relatam ou explicam, de forma mais ou menos fantástica, aspectos da vida ou da natureza que são importantes para a coletividade: o dia e a noite, o sol, a existência de entidades sobrenaturais, a origem do homem, eventos longínquos do passado, monumentos esquecidos e assim por diante. De maneira geral, as diversas histórias de deuses e heróis podem ser organizadas em três grupos principais:
a.      mitos propriamente ditos;
b.      contos ou sagas com elemento histórico;
c.       histórias de aventuras.
          Ensinados desde cedo às crianças, os mitos estavam profundamente enraizados na cultura grega e, particularmente, na literatura, na arte e na filosofia. Reis, famílias aristocráticas e até mesmo categorias profissionais, como a dos médicos gregos, procuravam ligar-se genealogicamente a antepassados míticos, divinos ou simplesmente heróicos.
          A importância da mitologia grega ultrapassou a Grécia Antiga e também os séculos que nos separam dela. Para a compreensão da cultura Ocidental e, notadamente, o entendimento de grande parte das obras artísticas ou literárias dos últimos 2.500 anos, é crucial conhecer os principais mitos e os mais importantes personagens das lendas gregas.
          A mitologia, finalmente, não deve ser confundida com a religião. Mitologia é, simplesmente, um conjunto de crenças diversas e de relatos fictícios; já religião envolve rituais e outros procedimentos que têm a finalidade de estabelecer vínculos com a divindade.
In: Mircea Eliade, Aspects du mythe, Paris, Gallimard, 1963.

EU, PRISIONEIRO MEU...

          Para os povos antigos, a Fênix simbolizava o Sol, que ao final de cada tarde se incendeia e morre, renascendo a cada manhã. Neste sentido, os russos acreditavam que ela vivia constantemente em chamas, por isso era conhecida como Pássaro de Fogo. Diante da perspectiva da morte, ela era considerada como um símbolo de esperança, de persistência e de transformação de tudo que existe, um sinal da vitória da vida e da inexistência da morte como ela é atualmente concebida pela civilização ocidental.
          Seu canto era extremamente doce, ganhando tons de intensa tristeza com a proximidade da morte. As lendas afirmam que sua formosura e sua melancolia influenciavam profundamente outros animais, podendo mesmo levá-los à morte. Afirma-se que somente um pássaro podia existir de cada vez, e que suas cinzas tinham o dom de ressuscitar alguém que já morreu. O nome adotado entre os gregos para esta ave pode ter surgido de um erro de Heródoto, grande historiador da Grécia Antiga, pois ele possivelmente confundiu o pássaro com a árvore sobre a qual ela era geralmente representada, a palmeira – phoinix em grego.

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